quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
O Índio no Brasil de Hoje
Tão logo chegaram aqui, os primeiros portugueses procuraram manter um contato amistoso com os índios, não porque eram homens bons e interessados em aprender com estes povos tão rudimentares em alguns aspectos, mas porque precisavam deles para trabalhar na extração do pau-brasil e para defender o litoral da invasão de piratas, como os franceses. Conseqüentemente, com a vinda de mais e mais portugueses, estas relações com os índios passaram a repetidos ataques de violência, pois estes passaram a ver os portugueses como intrusos. Por seu caráter hostil e conquistador, o homem branco começou a exterminar as populações indígenas quando estas tribos não aceitavam sua imposição de poder, nem suas técnicas de escravidão ou o roubo de suas terras. Os portugueses logo mostraram que não eram “homens bons”, como no princípio, quando trocaram presentes com o índio, mas homens verdadeiramente interesseiros, atacando suas mulheres, escravizando-os e transmitindo-lhes doenças, muitas delas fatais para toda uma tribo.
A resistência do índio à imposição do homem branco não foi suficiente para garantir sua plena liberdade, até então desfrutada, pois os portugueses escravizaram milhares de índios durante o período colonial. As atividades a que os índios eram forçados a trabalhar eram a lavoura canavieira, a coleta de cacau, baunilha, guaraná, pimenta e madeiras, entre outras atividades. Foram escravizados e espoliados, já naquela época. Os portugueses nunca conseguiram entender a indiferença pelo ouro que os índios tinham sob seus pés, enquanto o homem branco matava e morria por ele.
A mesma pergunta, em sentido contrário, deveriam fazer os índios, em sua limitada compreensão do que estava acontecendo. E também devem ter se perguntado o porquê de um Deus, de uma religião tão estranha a eles, de uma cultura, língua e costumes que nunca lhes havia feito falta, tampouco tinham conhecimento de sua existência. Mas o pior aconteceu: os índios que não aceitavam a “invasão” foram aniquilados, enquanto que os poucos que cederam a ela, perderam sua própria identidade ao assimilarem uma cultura totalmente estranha e avessa a sua. No Brasil de hoje, segundo relatório da Organização dos Estados Americanos sobre a questão dos Direitos Humanos no Brasil, os povos indígenas reivindicam direitos legais sobre 11% do território nacional e têm obtido importantes reconhecimentos dos mesmos.
Em sua grande maioria, as terras indígenas (aproximadamente 95%) situam-se na Amazônia, ocupando cerca de 18% da região, e nelas vivem pouco menos de 50% dos indígenas brasileiros. Em contraste, outros 50% dos indígenas são habitantes de áreas do sul do Brasil, cuja superfície é inferior a 2% do total dos territórios indígenas. Nos últimos 30 anos, os povos indígenas brasileiros intensificaram sua participação na vida política, aumentando, em conseqüência, o reconhecimento geral dos seus direitos. Um fator essencial para tal foi, paradoxalmente, a expansão da infra-estrutura econômica moderna para o interior do Brasil, iniciada a partir do fim da Segunda Guerra Mundial e acelerada nas décadas de 60 e 70, sob os regimes militares.
Em resposta a essa expansão, que avançava para o interior das suas áreas ancestrais, iniciaram-se grandes mobilizações de indígenas e de organizações que defendiam e promoviam seus direitos humanos. Os líderes indígenas e as organizações não-governamentais comemoraram, nos últimos anos, a demarcação da área ianomâmi e a demarcação da área Raposa-Serra do Sol. A constituição de 1988, no seu capítulo VIII, foi sábia ao consagrar como permanentes os direitos originais inerentes aos povos indígenas por sua condição de primeiros e contínuos ocupantes históricos de suas terras, um verdadeiro marco na história da luta destes povos pelos seus direitos. Infelizmente, apesar de algumas garantias inovadoras, pouca coisa mudou em 500 anos.
Fonte: Direitos_Humanos
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