quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Moradores de Rua em São Paulo. Por quê?
Quando se pensa em São Paulo, lembra-se logo de sua importância econômica, como capital do Estado pioneiro da industrialização. A chamada “Grande São Paulo”, que engloba a Capital do Estado e os Municípios ao redor, concentra a maior parte da produção industrial do Estado. Mas o alto grau de desenvolvimento econômico da Grande São Paulo contrasta com a miséria em que vive grande parte de seus habitantes, mostrando que os chamados “problemas do subdesenvolvimento “ não são resolvidos apenas com o crescimento econômico.
Atualmente há pesquisas que mostram que a pobreza e o desemprego repartem-se igualmente entre nativos da região e não-nativos. Análises das grandes cidades mundiais mostram que o próprio modelo de desenvolvimento capitalista, com suas formas de organização da produção e distribuição da riqueza, é responsável pela problemática urbana.
Com isso, a classe trabalhadora brasileira vem sofrendo um processo crescente de empobrecimento nas últimas décadas, o que amplia significativamente o contingente social que vive em situação de miséria. Numa sociedade capitalista, a situação de desemprego e recessão abala o próprio auto-conceito do trabalhador, cuja dignidade pessoal está baseada em seu papel de provedor.
Este contingente vive a incerteza, as ocupações temporárias e o subemprego. A perspectiva da miséria e da desintegração familiar ronda as famílias trabalhadoras. Em São Paulo, milhares de trabalhadores não ganham o suficiente para adquirir uma cesta básica de alimentação e o direito de abrigo ficou inalcançável para aqueles que não possuem renda. A cidade tem hoje um milhão de pessoas morando em favelas e três milhões morando em cortiços. Além da população de rua cuja estimativa é variável.
Esta população de rua, no passado, era uma minoria constituída de pessoas que se auto excluíam da sociedade, recém saídos de asilos, mendigos, mas hoje é constituída em sua maioria por “trabalhadores que não deram certo”, ou “também são familiares e parentes fracassados , na medida em que não puderam contar com a solidariedade familiar. Esta população está presente nas grandes cidades em vários países. Ocupam como local de pernoite os viadutos, ruas, praças, canteiros. Carregam consigo seus pertences. O grupo maior é de homens que vivem sós, mas há também crianças, mulheres e famílias. É uma situação que reflete o processo de pauperização da população que, na falta de emprego e habitação, passa a utilizar de forma crescente os espaços públicos como alternativa de habitação e moradia.
Como pode o ser humano exercer um olhar crítico sobre o mundo e sobre si mesmo quando colocado à margem das relações sociais? As pessoas que vivem a exclusão, carregam, em geral, para sua solidão, a invisível tirania da ideologia dominante, transformando seu sofrimento em culpa e seu abandono em fracasso pessoal.
O jornal Folha de São Paulo, há exatos dez anos, relatou um caso em que uma senhora, denominada Vera S., 52 anos, moradora de rua, foi estuprada e morta a pauladas em um parque de São Paulo: “Segundo a Polícia Civil, Vera era professora aposentada e, há dez anos, largou a família e o trabalho por desilusão amorosa.
Desde então, a ex-professora passou a viver sozinha no parque”. As causas que levam alguém às ruas são variadas como múltiplos são os sentimentos e circunstâncias que podem levar ao rompimento com a comunidade dos homens. Embora predomine, nas histórias dos sem teto, o fator econômico na origem do desabrigo, podem antecedê-lo fatores psicológicos e emocionais que levem o indivíduo a um ponto de ruptura, querendo fugir à rede de sistemas de controle através dos quais a sociedade aprisiona o indivíduo.
Fonte: Portal Teses
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